26 de outubro de 2008

O decapitado do aqueduto (ah que giro, podia ser o título de um livro)

Fui atrás de uma referência curiosa que ouvi hoje na tv alusiva ao lado negro da história do Aqueduto das Águas Livres, em Lisboa, e descobri isto:
Diogo Alves, espanhol nascido em Santa Gertrudes, bispado de Lugo. Veio viver para Lisboa ainda novo, tendo ficado conhecido como o assassino do Aqueduto das Águas Livres já que de 1836 a 1839 perpetrou nesse local vários crimes hediondos, muitos deles (pensa-se) instigado pela sua companheira Gertrudes Maria, de alcunha "a Parreirinha". Foi por fim apanhado pelas autoridades em 1840, na sequência do assassinato de da família de um médico cuja casa assaltara e, por isso, sentenciado à forca. A história de Diogo Alves, cuja sentença de morte foi aplicada a 19 de Fevereiro em 1841, intrigou os cientistas da então Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa. Estes, após o enforcamento do homicida, na tentativa de compreender a origem da sua perfídia, deceparam e estudaram a cabeça de Diogo Alves. Esta encontra-se, ainda hoje, conservada num recipiente de vidro, onde uma solução de formol lhe tem perpetuado a imagem de homem com ar tranquilo - bem contrária ao que realmente foi. Os cientistas nunca terão conseguido explicar o que o levou a adquirir uma chave falsa do Aqueduto das Águas Livres, onde se escondia, para assaltar as pessoas que passavam, atirando-as de seguida do aqueduto, com 65m de altura. Na altura, chegou a pensar-se numa onda de suicídios inexplicáveis, e foram precisas muitas mortes - só numa família registaram-se quatro vítimas - para que se descobrisse que era tudo obra de um criminoso: Diogo Alves. A cabeça decepada encontra-se actualmente no teatro anatómico da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, na sequência da formação de um gabinete de frenologia por José Lourenço da Luz Gomes, que permitiu a conservação do crânio de Diogo Alves juntamente com o de Matos Lobo (considerado por alguns o último sujeito a quem foi aplicada a pena de morte em Portugal) na antiga escola médico-cirúrgica. A cabeça de Diogo Alves constituiu um dos objectos mais significativos - e sem dúvida mais horríficos - da exposição Passagens. Cem Peças para o Museu de Medicina, que decorreu no Museu Nacional de Arte Antiga em 2005. (wikipédia)

Este episódio tem qualquer coisa de "Jack, o Estripador" e a Lisboa deste tempo lembra a Londres Vitoriana. Mas esta parece uma atmosfera comum na Europa do século XIX, uma época tumultuosa, efervescente, marcada por mudanças profundas, mentes brilhantes, muitas delas levadas à loucura e ao suicídio, crimes horrendos, a passagem para a era moderna, como a conhecemos, mecanizada. E as ruas cinzentas, pesadas, nevoeirentes, muitos chapeus altos, pobreza, maus cheiros, ... Não deixa de ser excitante estas viagens que a mente faz pelos tempos, através de episódios extraordinários como este.

4 comentários:

Isandes disse...

Diz-me que isto é ficção... Bem, ganda filme!

Anónimo disse...

Cenas destas não aprendemos nós em História!

Anónimo disse...

todos os portugueses conhecem a historio do assassino do aqueduto das aguas livres

Anónimo disse...

Ai sim? "Todos"? É perigoso assumir isso com tamanha presunção uma vez que este episódio não consta do programa de história de nenhuma ano escolar...