24 de agosto de 2009

A nossa infância pode ser uma novela mexicana

Encontrei um ex-colega de infância, daqueles com quem andamos da 1ª à 4ª classe e com quem depois nos cruzamos, no espaço de 20 anos, umas 2 ou 3 vezes e sempre só com olhares, quanto muito um "olá!".

No caso até foi um miúdo que andou 3 anos da nossa infância atrás de mim. Ora, 3 anos em 8 até é muito! Para mais quando somos minorcas e sabemos lá o que é o amor (a não ser pelo pai e a mãe e é quando queremos algo LOL).

Este pormenor, não só me fez recuar muitos anos de vida, até lá trás, à idade da inocência, como ainda me fez chegar a uma conclusão: dizem que a vida das crianças é simples, que é a melhor fase da nossa vida, mas a verdade é que também nela podem ser vividos verdadeiros folhetins mexicanos, dignos de serem dobrados em português do Brasil!

Senão, atentem no resumo verídico:
Esta é a história de um quarteto romântico. Eram jovens, muito jovens, na casa dos 8 ou 9 anos. Ele gostava Dela e fazia as maiores loucuras por Ela, inclusive persegui-lA durante os recreios, roubar-lhe beijos, oferecer-lhe laranjas roubadas, ir para a turma dela da catequese... Mas Ela gostava era de outro, do menino-bonito da turma, que era loirinho, tinha olhos azuis e voz doce. Só que a Sua melhor amiga também gostava dele, mas nada dizia a Ela. O tal de quem as duas gostavam era o queridinho da professora. A professora, quando não tinha mais nada para ensinar, organizava bailes ao final do dia de aulas. O hit da altura era a Lambada. A professora punha o menino querido e a amiga Dela a dançarem juntos, porque eram os meninos mais giros da turma e isso partia-Lhe o coração. A Ela, a professora punha-a a dançar com o tal que gostava delA. Ele flipava com a dança. Ela detestava. Detestava triplamente: 1) porque tinha que dançar com ele, a quem Ela não ligava a mínima; 2) detestava a atitude da professora, armada em S. António, a estragar-lhe as hipóteses de conquistar o tal menino-bonito de quem Ela gostava; 3) detestava ver a sonsa da melhor amiga a dançar com o miúdo de quem Ela gostava, toda feliz e com ar triunfal... Como se não fosse isto mau o suficiente, a história, que tem uns 3784 episódios, continuou com a amiga a fazer de tudo para que Ela se desse mal e desapontasse o miúdo, passando inclusive por vítima de violência física e bufa e o vexame que a professora A fez passar ao tornar pública a sua apixoneta pelo tal menino-bontio em frente à turma (e a ele, claro). Mas não há novela que não tenha final feliz: já na parte final, o menino acabou por mostrar que não adiantava os arranjinhos feitos pela professora, nem as armadilhas montadas pela cobra da amiga, pois era Dela que Ele afinal gostava.


Pá, o amor é lindo (mas quando somos pequeninos).

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