9 de outubro de 2007

Olhar de azeitona

O nosso corpo é uma máquina fascinante e quem pensa que é dono e senhor dele, capaz de controlar todos os seus movimentos e manifestações desengane-se! Querem exemplos disto mesmo e que para muitos (inclusive para mim!) permanecem fascinantes mistérios?

Aqui vai: aqueles barulhos da nossa barriga, não os de fome, mas aqueles dos intestinos, que somos capazes de ouvir mesmo quando estamos na paz de cristo... Bem, eu passei a minha infância a achar que eram pequeninas rãs que viviam no meu estômago e que de vez em quando cantavam para me alegrar (ou avisar "you are not alone"...).
Esta história das rãs foi inventada pela minha mãe só para se divertir às custas da minha inocência, ou então foi forma que ela encontrou de escapar à avalanche de perguntas que eu lhe colocava na idade dos porquês.

Mas ainda hoje, adulta, há outra manifestação (quase) incontrolável do corpo para a qual não tenho resposta: os olhos de azeitona. Pelo menos era assim que eu chamava àquela estagnação, àquele marasmo preguiçoso dos nosso olhos quando se fixam em sitio nenhum, durante longos minutos, muito esbogalhados e sem pestanejarem. Com eles ia-se a mente, eu não sei para onde; como se de repente tudo paralizasse em nós - corpo e mente - conduzidos pelo olhar de azeitona; uma espécie de auto-hipnose.

Eu não sei explicar o fenómeno, alguém sabe?
Só sei que até sabia bem, como espreguiçar ou espirrar, e quando voltávamos ao estado normal era como se de repente acordássemos de dormir acordados.

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