22 de agosto de 2008

Hoje apetecia-me ter seguido outra carreira

É um pensamento recorrente em mim - e se eu em vez de jornalismo tivesse seguido medicina, geografia, história, antropologia, biologia? - áreas que me fascinam desde sempre; amores antigos que permanecem. São escapes também, que uso para fugir da rotina que por vezes me sufoca e aborrece.

Hoje este pensamento voltou a visitar-me enquanto via mais um episódio sobre os passos do navegador (traidor) Fernão de Magalhães, um documentário assinado pelo famoso Gonçalo Cadilhe, que saltou dos livros para o grande ecrã. Eu conheço-o dos livros, sou grande admiradora e sinto inveja dele por levar um modo de vida que gostaria de ter - viver a viajar e viajar para viver. Faltou-me até hoje coragem para o tentar. Mas um dia... não sei não...

O documentário está muito bem feito, tenho seguido todos os episódios e adiciona o elemento histórico e antropológico à cultura, às viagens, ao jornalismo também. Fez-me sentir inveja e ao mesmo tempo agradecida, porque o produto é tão bom e raro que é uma benção que em Portugal uma produtora o tenha idealizado e colocado em prática.

Às vezes pergunto-me o que falta para eu abandonar tudo e tentar a sorte, partindo; deixar esta vida corriqueira e acanhada, que não me traz a satisfação que procuro. Investigar, viajar, conhecer outros lugares e pessoas; abraçar uma missão humanitária; ir para Timor dar aulas (era a saída que eu apontava quando ainda andava na Universidade, caso não arranjasse emprego depois de concluir o curso).

Sinto isso como uma vocação, um chamamento. Explica em parte o sentido profundo da Rosa-dos-Ventos que tenho tatuada nas costas. Mas também penso que há-de chegar o momento para isso acontecer. Um sentimento tão antigo não poderá ser apenas fruto da insatisfação do dia-a-dia (até porque se a sinto é porque não estou a seguir o caminho indicado).

Parece que estou a atravessar a fase das perguntas existenciais: "para onde vou?". Gostava que a resposta fosse: "para todo o lado". Se calhar bastava um sítio diferente.

2 comentários:

Jorge Rita disse...

Não é só coincidencia que muitos de nós, desta geração que apelidaram de rasca, continuem insatisfeitos, exija mais, queira mais...são dúvidas que só tu podes responder. Olha eu acho que dava um bom psicólogo...kiss

Anónimo disse...

Eu até gosto da minha profissão, mas estou a precisar de mudar de ares. Kiss to you too.